terça-feira, 26 de maio de 2009

A Coisificação do Ser

Kant, em seu livro chamado "Crítica da Razão Prática", diz que existem coisas e pessoas. O que diferencia ambos é o valor. O valor das coisas é extrínseco, atribuído - é o preço. O valor das pessoas é intrínseco, faz parte dela - é a dignidade. Se coisifica uma pessoa quando o único critério de julgamento que existe é a utilidade. Se a pessoa é útil, mantenho; se é inútil, desprezo.
Coisas não pensam, então, uma pessoa coisificada não é autônoma, apenas obedece às normas e nunca se compromete com eles, simplesmente não participa das decisões. Se uma instituição tem pessoas coisificadas, ela precisa ser absolutamente burocratizada, pois tem um monte de normas que as pessoas vão obedecer e executar. Se as pessoas não são coisificadas, elas participam do processo criativo, assumem suas funções, interagem e isso diminui a burocracia.
Se um estabelecimento tem vários funcionários coisificados, ele contrata um renomado consultor para avaliar a situação e realizar as mudanças nos setores. Tudo muito perfeito, não fosse um detalhe: surge algum empecilho que atrapalha a logística do trabalho. Mais burocracias para contornar a nova condição. Se o responsável consultar os funcionários que atuam nos ambiente, saberá melhor quais são as necessidades, reduzindo custos e burocracias.
Isso não quer dizer que não precisem existir normas, elas são essenciais e úteis, porém, as pessoas precisam compreender suas finalidades para que possam assumir suas responsabilidades. Se normas não forem avaliadas constantemente, se tornarão problemáticas ao invés de resolutivas.
Adaptado de KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática (2008).

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